Monday, November 13, 2006

TANTO FEL!...mas há sempre MEL...

Costumam chamar-me malcriada... não porque cuspa para o bule na hora do chá, mas porque gosto de dizer a verdade nua e crua nas bochechas de toda a gente, e não adianta, não cedo a ameaças nem a chantagens...
Ao longo da vida fui frequentemente perseguida por defender ideais e princípios, que me são vitais: a justiça, a lealdade, a solidariedade, a tolerância...Faço disso a minha bandeira, sem esperar qualquer retorno... mas sou muito dura com os maus carácteres, com os oportunistas, com os aliciadores, com os opressores e com os cobardes. Não lhes sorrio nem que disso dependa ter uma côdea de pão na mesa...Reajo mal a tentativas de aliciamento, acenos, assédios, complots, crueldades e prepotências...
Como não tenho amarras nem intelectuais nem morais, como não estou espartilhada nem tenho os chamados "rabos de palha"...Insurjo-me e Grito! Nunca me identifiquei com nenhum manifesto político, embora todos eles tenham algo de positivo, professei em miúda a fé que me foi transmitida pelos meus pais, mas já adulta tornei-me conhecedora de todas as religiões, que na essência defendem todas os mesmos ideais elevados...mas tudo é "gerido" por "Homens", normalmente "pequeninos" e com falta de escrúpulos, mas por muito "poderosos" que os considerem, para mim são Nada! E não me pisam nem me calam!
Acusam-me de ser muito tolerante com os mais "frágeis" e extremamente exigente com os "fortes", mas sempre soube que não sou indiferente a ninguém...ou me Amam, ou me Odeiam...independentemente do estado das suas "forças"...
Nos últimos dias entendi o sentimento de Deus quando destruiu Sodoma e Gomorra, porque ao olhar para trás não viu um único Homem Bom... Eu tive a sorte de no meio de tanto Fel, sentir o doce do Mel.
A todos os que, apesar de ameaçados, difamados, perseguidos e privados quase da própria vida, não se acobardam, não se calam e não traiem os seus princípios e ideais.
Obrigada Amigos!

Wednesday, November 01, 2006

OS MORTOS!

"Os mortos honram-se que os chorem e lhes levem flores. Mas querem, acima de tudo, que a gente viva como eles gostariam de viver."
Berthe Bernage

Liguei a televisão e os diversos noticiários, entrevistavam vendedoras de flores, em cemitérios. Uma delas estava indignada porque desde que se aderiu à Cremação, o negócio da venda de flores caiu muito...
Hoje, dia 1, é feriado porque a Igreja Católica, ao "ter" mais do que 365 Santos, decidiu criar um dia para homenagear todos os outros.
Amanhã, dia 2, comemora-se o Dia de Finados...
Logo, grandes romarias aos cemitérios, para cumprir a tradição e, já agora, levar flores...
Raramente entrei num cemitério e confesso que não é local de que sinta saudades...a primeira vez que entrei num era pequenina, tinha uns 4 anos e impressionou-me ver porem debaixo da terra a minha amiguinha de brincadeiras; já miúda, numas férias com primos, fiz pactos e cumpri rituais, como todos os miúdos, e tive que entrar num cemitério à noite, para ser aceite entre os mais crescidos..., na adolescência tardia, talvez influenciada por algum filme, dei uns beijos furtivos num cemitério e na idade adulta fui apenas a dois enterros, por amor ao vivo solitário que acompanhava o seu ente falecido.
Os cemitérios portugueses são feios e frios, independentemente da sua imponência, têm um ar abandonado de amor ou de saudade...qualquer Monumento aos Mortos tem um ar mais humano, de respeito pela memória...
Acho mórbido o negócio feito em torno da morte, seja a montante ou a juzante; por em presas ou familiares - detesto o cinismo que impera em muitos ceremoniais, num total desrespeito pelo ser a quem passam a levar flores, mas de quem muitas vezes espoliaram até a vida.
Apoio a Cremação dos corpos e incito a que tratemos com respeito e amor os que fazem parte da nossa vida - e sempre farão, na nossa memória.

Imortalidade? todos a queremos alcançar!
Memoráveis queremos ser,por feitos ou actos,
Ovacionados, odiados ou reverenciados,
Recordados por uma turba ou por um só ser,
Todos queremos sair do anonimato e saber:
Alguém nos vai chorar, parafrasear ou elogiar?
Lembrar como fomos ou quem amamos?
Invocar o nosso nome ou filosofia de vida?
Dizer que valeu a pena a nossa vinda
A um mundo onde tudo é efémero e vão?
Dizer que fomos únicos e distintos
E que somos eternos no seu coração?!